O
Instituto Politécnico da UFRJ (IPUFRJ) existe desde 2008 na cidade de Cabo Frio
na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. O IPUFRJ funciona como um projeto de
extensão, de formação de profesores em educação politécnica do NIDES (Núcleo
Interdisciplinar de Desenvolvimento Social) da UFRJ. Este, foi criado em um
convênio entre a prefeitura municipal de Cabo Frio, o estado do Rio de Janeiro
e a UFRJ, e inicialmente operava com alunos do ensino médio e do segundo seguimento
do ensino fundamental. Porém, em 2010, município e estado romperam o convênio com
a UFRJ, e esta por sua vez decidiu manter o projeto. Em 2012, após passar por
diversas sedes provisórias, em colégios municipais, estaduais e federais da
região, finalmente o Instituto Politécnico foi para a sua própria sede,
construída em madeira em um terreno cedido pela Prefeitura Municipal de Cabo
Frio. Por problemas com a documentação de cessão do terreno à UFRJ, o Instituto
foi impossibilitado de instalar rede de luz elétrica e de água/esgoto (problema
que perdura até hoje). Desde o momento do rompimento do convênio, o Politécnico
da UFRJ, passou por diversas crises e possibilidades de fechamento.
Por
volta de setembro do ano de 2014 o IPUFRJ começou a passar por o que seria mais
uma crise, pois desde esse período, os professores (residentes docentes) vêm
sofrendo com atrasos recorrentes nas bolsas. Por causa dos atrasos de
pagamentos, os residentes docentes já iniciaram o ano de 2015 fazendo um
revezamento entre si, o que prejudicou a prática da metodologia politécnica
praticada no Instituto. O problema se agravou por volta do mês de julho de
2015, quando o reitor Antônio Carlos Levi terminou o seu mandato com 3 meses de
bolsas atrasadas aos residentes, porém, com um compromisso de pagamento de
todas as bolsas referentes ao seu mandato.
Quando
a nova reitoria assumiu a UFRJ, a comunidade acadêmica do IPUFRJ foi pressionar
em busca do pagamento das bolsas, o que possibilitaria o pleno funcionamento do
colégio novamente. Desde o ínicio o reitor Roberto Leher se mostrou resistente,
pois a institucionalização e regularização do colégio para a UFRJ não é plena,
e este disse reconhecer o mérito acadêmico do projeto, porém só efetuaria o
pagamento, após a institucionalização se efetivar. A bolsa dos residentes
docentes, não é paga desde abril de 2015, o que caracteriza quase oito meses
sem receber, e esta se torna, para os residentes, questão de sobrevivência.
Apesar
de toda a situação, não podemos ter a reitoria da UFRJ na atual gestão como
única vilã e culpada pelos acontecimentos. O governo federal, fez um corte que já ultrapassa os 10
bilhões de reais no orçamento para a
educação, por causa destes cortes diversas universidades em todo Brasil,
inclusive a própria UFRJ, passaram por greves e sofrem com a falta de dinheiro.
Portanto, desde o início do ano de 2015 os estudantes vêm trabalhando em
conjunto com entidades como a AERJ (Associação de Estudantes Secundaristas do
Rio de Janeiro), a FENET (Federação Nacional de Estudantes em Ensino Técnico) e
a UJR (União da Juventude Rebelião) na luta contra o corte de verbas para a
educação, que traz problemas não só ao IPUFRJ, como a todas instituições
públicas de ensino do Brasil.
Devido
às condições apresentadas, desde meados de agosto de 2015, as atividades
regulares no Instituto estão paralisadas. Corpo docente e discente do IPUFRJ se
unem para tentar propor atividades que mantenham a escola ocupada. São feitas
reuniões regulares entre todos os membros da comunidade acadêmica para discutir
ações e estratégias de resistência.
Na
última quarta-feira (25/11/2015) o reitor da UFRJ Roberto Leher, esteve em
visita ao IPUFRJ, junto com seu chefe de gabinete Agnaldo e a pró reitora de
extensão Maria Malta. A visita, ha muito tempo requisitada, teve o objetivo de
conhecer a escola e dialogar e negociar com a comunidade acadêmica. Foi feita
uma reunião entre o corpo da reitoria presente, a comunidade do IP e
representação de algumas entidades (AERJ, FENET e UJR) e nesta todos tiveram a
oportunidade de falar e fazer seu apelo. Após muita discussão, saímos com a
promessa de retorno das aulas no máximo em janeiro de 2016 (mas com
possibilidade de volta em dezembro de 2015), através do pagamento das bolsas
dos residentes, que seria realizada através do TAC. Desta maneira, ontem
(26/11/2015), foi feita uma grande mobilização para ir ao CONSUNI, pois o IP
seria pautado e seria um momento de grande decisão. O Instituto Politécnico foi
a segunda pauta do Conselho Universitário da UFRJ (CONSUNI), e todos os alunos
ali presentes esperavam ansiosamente pelo momento de decisão, que mais uma vez
foi adiado. A primeira pauta do CONSUNI demorou muito, e quando iniciamos as
discussões sobre o IPUFRJ, o tempo acabou e o Conselho Universitário se desfez.
Conseguimos fazer apenas uma introdução à explicação sobre a historia da escola
e fomos interrompidos, não podendo levar à frente a explicação e discussão.
Mais uma vez a comunidade do IP sai sem uma resposta concreta, apenas com
promessas. E mais uma vez há um sentimento de angústia e decepção com uma
situação que parece nunca ter fim.
O
IPUFRJ tem uma linda história de luta e de resistência que nunca vai acabar. A
politecnia é uma metodologia inovadora e revolucionária, não podemos deixar que
ela se perca. O IPUFRJ resiste!!! Enquanto houver ar, estaremos respirando e
lutando pelo nosso colégio, pela nossa “arca”. #arcaviva
Caio Sad
Coordenador geral do Grêmio Politécnico
Militante da AERJ, FENET e UJR na Região dos Lagos
Viva a luta dos estudantes!
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