Na última quinta-feira, dia 24 de outubro, a Comissão
especial que discute o Estatuto da Família definiu como família a união entre
homem e mulher com 17 votos favoráveis e apenas 5 votos contrários.
O ponto
mais assustador de toda essa história não é nem a quantidade de votos
favoráveis a esse Estatuto completamente conservador, mas sim o completo
descaramento com o qual esses mesmos deputados apresentam essa famigerada
definição sem um pingo de vergonha de negar o que de fato importa em uma
família e levantar uma bandeira de ódio e preconceito.
Usar o
argumento de que dois iguais não geram uma nova vida é estupidez. Casais
heterossexuais estéreis também não geram uma nova vida e não são alvos de
perseguição como os casais não tradicionais, não têm seu direito de adotar
negado, não têm seus direitos civis retirados e também não vivem com medo de
violências físicas e psicológicas por causa de sua união “que não pode gerar
vida”. Esse argumento é uma mentira, uma desculpa de quem escolheu ser
preconceituoso e impor desigualdades.
Além
disso, essa definição não atinge somente os casais homo afetivos, e sim a maior
parte das famílias de atualmente. Segundo o censo de 2010 do IBGE, as novas
famílias, ou seja, as famílias não-tradicionais, representam 50,1% da população
brasileira, isso significa 28,647 milhões famílias, 28.737 a mais que o número
de famílias tradicionais no Brasil. São mais de 28 milhões famílias sendo
negadas por conservadores que querem, através de um pedaço de papel e de uma
política suja e covarde, deslegitimar o laço existente entre estes.
Seria
família apenas a família em que as mulheres cansaram de ter que se inserir e
obedecer às regras morais que não são as delas? Seria família só as que mais
apresentam casos de estupro conjugal? Nós, de outros modelos de família,
rechaçamos essa definição. Nós, 50,1% das famílias brasileiras, filhos e filhas
de mães solteiras ou pais solteiros, casais homo afetivos, filhos criados por
estes casais, pessoas criadas por avós, tios e tias ou que vivemos com pessoas
sem nenhum grau de parentesco, mas que a consideramos como família no momento
que se cria uma relação de união e carinho, negamos esse estatuto e
continuaremos a nos denominar como família. Resistência sempre foi nosso lema e
não será agora que desistiremos dele. O amor vencerá.
Rafaela Corrêa
Secretária Geral da
AERJ
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