O Ministro da Fazenda, Joaquim Levy,
é um profissional do mercado financeiro. Já foi diretor de uma divisão do banco
Bradesco e é formado nos centros do pensamento liberal. Escolhido pelo governo
para arrumar as contas, não se poderia esperar algo que não fosse corte nos
serviços públicos, sucateamento, privatização e liberdade para o capital se apropriar
do que deveria ser direito de todos. É nesse contexto que se dá a greve da
educação federal. O governo já dimensionou o tamanho do corte para os
Institutos Federais: redução em 46% no capital de investimento e paralisação de
obras com menos de 50% de conclusão.
O capital de investimento compõe uma
das fontes de financiamento dos Institutos e diz respeito à verba recebida para
fazer o Instituto crescer: equipar laboratórios, construir salas de aula,
comprar equipamentos, máquinas e modernizar instalações. Com o corte de quase
metade do orçamento os IFET vão ficar parados no tempo durante pelo menos um
ano, sem renovar seus equipamentos e crescer em tecnologia. Além disso, a
paralisação de obras interfere diretamente na qualidade do ensino. No campus Cabo
Frio do IFFluminense, a obra do bandejão conseguida com muita luta está
ameaçada, juntamente com a construção do bloco de salas de aula e auditório,
impedindo a expansão do campus e a democratização do ensino técnico.
Internamente o corte de verbas é direcionado por cada diretor geral, isso abre
dúvidas sobre a situação das bolsas pagas com recursos próprios. É preciso
pautar em cada campus esse debate para que não se corte das bolsas internas de
pesquisa e extensão.
As políticas de assistência estão
duplamente ameaçadas: primeiro pelos cortes e segundo pela ausência de uma
diretriz nacional nesse sentido, o que deixa à livre escolha de cada reitor a
forma com que a assistência estudantil vai ser desenvolvida. Devemos cobrar do
MEC e do CONIF a implantação da Política Nacional de Assistência Estudantil da
Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (PNAES-EPCT) na
forma sugerida pela FENET.
No plano mais amplo os estudantes
estão mobilizados em defesa da pauta dos servidores, contra o ajuste fiscal e
por assistência estudantil. No dia 23/07, o Grêmio Síntese marcou presença no
Ato Unificado em Defesa da Educação Pública em Campos dos Goytacazes. Os
manifestantes saíram em caminhada do campus Campos-Centro do IFFluminense
passando pelas principais ruas do centro da cidade, encerrando a atividade no
pátio da UFF. A manifestação foi importante por visibilizar a greve e despertar
o apoio popular expressado em cada aceno aos presentes.
É nesse cenário que se insere a greve
da educação federal: ataque forte do governo contra o serviço público. Os
cortes fazem parte de uma política maior de abrir ainda mais a economia para o
capital reduzindo o setor público. Não é somente uma luta pela questão salarial
ou pela falta de verbas, além disso, a luta se projeta mais ampla: contra a
política econômica do governo, que escolheu para quem a economia deve
funcionar. Nós ficamos fora desse grupo.
Felipe Santos
Diretor de Políticas Institucionais do Grêmio Síntese
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